INIQUIDADES RACIAIS: MULHERES NEGRAS E O ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Autores

  • Bruna Araújo de Sá
  • Catarina Ferreira Pontes
  • Antonio Sandro Pereira de Castro
  • Edicleide Martins da Silva

Resumo

 

RESUMO- Importantes reivindicações pelo direito ao acesso à saúde participaram da esfera pública por vários anos, especialmente a mobilização da população negra, principalmente no período pós-abolição. No entanto, apesar das incansáveis ações para um sistema universal, existem mecanismos que interferem a participação dos negros no acesso à saúde, inclusive aquelas interpostas pela discriminação e sexismo étnico racial. O racismo e o sexismo se expressam no campo da saúde em diferentes formas, por vezes, invisíveis e que facilitam as práticas que levam ao racismo institucional. Tratando da área da saúde, estudos apontam que as mulheres negras são as que mais sofrem com esta discriminação, obtendo assim menor acesso ao atendimento médico, maior vulnerabilidade ao adoecimento e sofrer algum tipo de violência. Nesse intuito, tem-se como objetivo analisar as desigualdades raciais de mulheres no acesso aos serviços de saúde. O ensaio metodológico desenvolveu-se a partir de uma revisão de literatura realizada através da base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, onde foram encontrados sete artigos, na dita busca, utilizando os Descritores em Ciências da Saúde. A desigualdade presente na sociedade não decorre apenas das subjetividades dos sujeitos, mas do modo que estão constituídos socialmente, seja por valores econômicos, pelo gênero ou pela cor da pele. A desigualdade social é, portanto, resultado de processos socioculturais e políticos desenvolvidos, historicamente, que trazem prejuízos à renda e aos direitos como saúde, educação e habitação. Além disso, a desigualdade racial estruturada pelo racismo, impossibilita o acesso aos serviços, tratando com indiferença os sujeitos por sua raça, etnia, sexo ou religião. No que tange à saúde, nesse caso, as mulheres negras vivenciam diversos tipos de desigualdade, tanto por gênero quanto por raça, comprometendo seu acesso aos serviços de saúde e facilitando no processo de adoecimento. Apesar do sistema de saúde ser universal, sua aplicabilidade está distante de ser o ideal, pois sendo as mulheres negras vítimas do racismo institucional, expõem a situações de vulnerabilidade, tais como, violência obstétrica, déficit no acompanhamento Pré-Natal, anemia falciforme, doenças crônicas não transmissíveis e baixo acesso ao planejamento de saúde familiar. No mais, literaturas constataram que mulheres negras com escolaridade e nível econômico baixos, são fortes fatores contribuintes para um atendimento inadequado. A presente pesquisa vem contribuir para o conhecimento sobre iniquidades raciais entre mulheres que buscam acesso aos serviços de saúde. O estudo sobre esta vulnerabilidade torna-se necessário e emergente para combater as discriminações raciais, colocando em prática os princípios do Sistema Único de Saúde, tornando os profissionais capazes de identificar e promover acesso multidisciplinar e respeitando as subjetividades dos atores sociais. Os resultados apontam um olhar diferenciado para a população negra, visto que estão mais propensos ao aparecimento de determinadas doenças. Ressalta-se a capacitação de equipes de saúde para melhor identificação de fatores intrínsecos e extrínsecos, não somente para diminuição das vulnerabilidades e iniquidades existentes, mas para ampliação do cuidado e respeito para com o outro.

Palavras-chave: Racismo. Saúde da Mulher. Equidade em Saúde.

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Publicado

2020-06-07